AS SUBPERSONALIDADES DE JUNG E FENOMENOLOGIA ESPIRITUAL
Em seus estudos, Carl Gustav Jung (1875-1961) observou que existem grupos de pensamentos e lembranças no inconsciente pessoal (receptáculo que contém todas as atividades psíquicas e conteúdos que não se harmonizam com o necessário processo de individuação). Jung chamou estes grupos de COMPLEXOS.
Mais tarde ele observou que tais complexos eram constituídos de pequenas personalidades aparentemente separadas da personalidade total. Aí ele foi longe afirmando que essas personalidades, (que prefiro denominar de subpersonalidades) adquirem autonomia, independência, possuem força propulsora própria e podem atuar de modo intenso no controle de nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos.
Muitas publicações científicas reportam que a consciência humana se manifesta mesmo quando estamos sob anestesia geral, em Experiência de Quase Morte (EQM) e em Experiência Fora do Corpo (EFC);(Moreira-Almeida, A; Costa, MA; Coelho, HS. Ciência da Vida após a Morte. Belo Horizonte, MG: Ampla Editora, 2023). Disso se pode depreender que se a consciência, conforme pesquisas, se manifesta mesmo após a morte, sem a participação do corpo físico/cérebro, é razoável admitir que, de alguma maneira, ela exista em alguma forma antes do nascimento.
E qual a importância desse conhecimento na prática de uma Psicologia Transpessoal? Ora, se a consciência existe antes do nascimento é possível admitir-se que ela possa ter experimentado algumas vivências anteriores ao próprio nascimento. Se considerarmos muitas publicações científicas que admitem a possibilidade de reencarnação/palingenesia (Stevenson, I. Twenty Cases Suggestive of Reincarnation. 2nd Edition Revised and Enlarged. Charlottesville, Virginia: University Press of Virginia, 1974) então, em cada existência anterior formamos uma “persona”, uma personalidade com características físicas e psíquicas construída pelo mapa genômico daquela linhagem familiar. Muitas dessas vivências podem ter sido traumáticas ou mal resolvidas e, em uma outra existência posterior, podemos trazer esses traumas na forma de sintomas fóbicos de diversos espectros gerados na existência pregressa, uma "cicatriz psicofísica". Por exemplo: acrofobia, claustrofobia, zoofobias, agorafobia, marcas de nascimento, sintomas físicos de natureza emocional e outras.
Através da Psicoterapia Ericksoniana com os recursos da Regressão de Memória e de Tempo é possível resgatar essas subpersonalidades que estão se tornando ativas devido a alguma experiência desagradável ocorrida em um passado recente desta existência (vida intrauterina/matrizes perinatais até o presente momento) ou em um passado remoto (experiências ocorridas antes do nascimento, em supostas existências/encarnações ou vidas anteriores).
O processo terapêutico é o de induzir à regressão o(a) paciente partindo dos sintomas físicos e/ou psíquicos e levá-lo(a) a reconstruir aquela subpersonalidade, passando pelo processo terapêutico transpessoal de revivenciar (catarse) e ressignificar o trauma.
A clínica mostra que, muitas vezes, podem existir mais do que uma subpersonalidade a ser trabalhada no set terapêutico e é daí vem o conceito de Múltiplas Personalidades ou dos COMPLEXOS de Freud e Jung o de COEX de Stanislav Grof.
“Os Princípios da Verdade são Sete; aquele que os conhece
perfeitamente, possui a Chave Mágica cujo toque
abrirá todas as Portas do Templo”
O Caibalion
O número “sete” é considerado um número esotérico e isso advém de múltiplas culturas espiritualistas onde a conclusão razoável é que vivemos em uma dimensão “setenária” a começar pela estrutura fundamental da matéria que é o átomo onde se observam sete camadas eletrônicas sendo o elétron a carga negativa que orbita em torno do núcleo que tem resultante de carga positiva, estabelecendo uma relação bipolar de positivo e negativo, a polaridade. Assim, pode-se concluir que a nossa dimensão é feita também de sete camadas e da bipolaridade. Se pensarmos neste estudo das subpersonalidades referido por Jung, do ponto de vista da espiritualidade e saúde mental, começamos a entender melhor o que significam essas subpersonalidades ou personalidades múltiplas, o que são, de onde vem e qual a abordagem terapêutica que melhor compreende a sua aplicação na clínica da saúde mental.
Pelo conceito integrativo, note-se que a integração ocorre entre CORPO - MENTE - ESPÍRITO, ou seja aquilo que conecta o espírito (que todos somos) ao corpo é a mente (ou o perispírito, segundo a Fenomenologia Espirita). Quando olhamos esta questão com os olhos daqueles que são nossos instrumentos de aplicação de Ciência Pós Materialista (ler o MANIFESTO), teremos inúmeras publicações demonstrando uma anatomia e fisiologia sutis que definem que entre o CORPO e o ESPÍRITO, existem 5 níveis mentais não visíveis aos olhos físicos, mas visíveis aos olhos sutis de um dos sentidos mentais que é a clarividência, um dos Estados Ampliados da Consciência. Essa
“cartografia setenária” foi definida no passado com nomes atribuídos a "corpos" aos quais atribuí nomes mais apropriados a estudos médicos. Este esquema esta definidos na figura abaixo.
A "experiência fora do corpo", geralmente inconsciente ou semiconsciente como durante o sono ou consciente quando mantemos a consciência independente do cérebro, é um exemplo de que podemos desdobrar um desses níveis que é o emocional ou astral para fora do nosso corpo biológico carregando a nossa consciência. Jung se voltou para as filosofias e cultura orientais se aproximando dos conceitos que integram Espiritualidade e Saúde, buscando explicações para inúmeros Estados Ampliados de Consciência (EAC), mas não conseguiu ultrapassar os limites da ciência materialista não conseguindo explicar as próprias "experiência com as realidades da alma", conforme ele definiu as EAC em seu livro "Sonhos, Memórias e Reflexões, no capítulo VISÕES, as várias experiências de desdobramento entre outros Estados Ampliados de Consciência e afirmou que sua vida foi dedicada a criar uma metodologia científica que possibilitasse uma explicação razoável sobre o que ele chamou de "minhas experiências com as realidades da alma", ou seja, com a fenomenologia anímica (de alma) lembrando que uma das definições de Psiquiatria é "a cura da alma".